Nesta segunda-feira (12), durante audiência com jornalistas credenciados junto à Santa Sé — que cobriram os funerais do papa Francisco e o conclave que elegeu o novo pontífice — uma cena chamou atenção nas redes sociais: o papa Leão XIV, ao atravessar um corredor entre os profissionais de imprensa, parece desviar o olhar e o corpo de uma bandeira colorida estendida entre os presentes. Para muitos internautas, tratava-se de uma “bandeira LGBT”, e o gesto foi interpretado como uma rejeição simbólica ao movimento.
No entanto, a bandeira em questão não era um símbolo do “orgulho gay”, mas sim a tradicional bandeira da paz (“PACE”, em italiano), amplamente conhecida na Itália desde os anos 1960. Ela se popularizou especialmente durante os protestos contra a guerra do Iraque, em 2003. Com sete cores e os dizeres “PACE” em branco, ela se distingue da bandeira LGBT, que possui apenas seis faixas e nenhum texto.
Ainda assim, a semelhança entre as bandeiras é frequentemente confundida — inclusive dentro do próprio movimento LGBT italiano, que já criticou o uso da bandeira pacifista por sua semelhança com a sua própria.
Ignorou por confusão? Ou para evitar confusão?
Diante da possibilidade de ser mal interpretado — especialmente em tempos de viralização instantânea e uso político de imagens — é possível que o papa tenha deliberadamente evitado interagir com o símbolo, temendo que seu gesto pudesse ser explorado como uma manifestação de apoio a causas identitárias com as quais não necessariamente concorda. Não seria, portanto, um ato de rejeição à mensagem de paz, mas uma tentativa de evitar associação com um movimento específico, frequentemente instrumentalizado por militâncias de esquerda.
Por outro lado, dado o contexto e o foco de sua audiência, é plausível também que Leão XIV simplesmente não tenha percebido a bandeira — ou não tenha dado importância ao gesto de “desvio” que hoje alimenta interpretações nas redes. Afinal, em seu discurso inaugural, o novo papa reforçou seu compromisso com a promoção da paz, a conciliação entre os povos e o diálogo — temas em linha com a mensagem da bandeira “PACE”.
No fim das contas, talvez o gesto tenha sido menos sobre o que estava diante dele, e mais sobre o que ele quis evitar que dissessem depois.
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