O senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito presidente da Bolívia neste domingo (19), encerrando quase duas décadas de hegemonia da esquerda no país. A vitória marca o colapso do Movimento ao Socialismo (MAS), legenda fundada por Evo Morales, que governou o país por quase 20 anos e, nas eleições de agosto, ficou fora do segundo turno pela primeira vez desde 2006.
O cenário de virada política já havia sido antecipado pela reportagem “Não chores por mim, Bolívia”, publicada em agosto pela Revista Oeste. O texto, assinado por Eugenio Goussinsky, mostrava que o MAS enfrentava seu “pior momento de crise”, dividido internamente e enfraquecido por escândalos de corrupção e colapso econômico.
A Bolívia vive a pior crise econômica em décadas, com inflação mensal de 24%, déficit público de 95% do PIB e reservas internacionais reduzidas a US$ 50 milhões. O chamado “milagre econômico de Evo” se desfez à medida que o país perdeu espaço no mercado regional de gás natural — as exportações despencaram de US$ 6 bilhões em 2014 para cerca de US$ 2 bilhões em 2022. Hoje, há filas para comprar pão, gasolina e dólares.
Enfraquecido e alvo de investigações, Evo Morales se afastou do poder, mas continuava influente no MAS. Ele é acusado de estupro de uma adolescente de 15 anos, além de responder por desvio de recursos e contratos fraudulentos.
A vitória de Rodrigo Paz, de 55 anos, simboliza uma mudança de rumo política e ideológica no país. Com 30% dos votos no primeiro turno, ele partiu de apenas 3% de intenção de voto no início de 2025.
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